Atualidade, Gestão

O “efeito Eucalipto”

O “efeito Eucalipto”

O “efeito Eucalipto”

O “efeito Eucalipto” é uma expressão usualmente utilizada para caracterizar uma situação em que um determinado fator se sobrepõe aos restantes que o rodeiam, causando nestes um efeito negativo. Convenhamos que a expressão não abona muito em favor daquela espécie…

Mas qual a origem desta conotação negativa? É comum serem identificados vários problemas relacionados com a cultura do Eucalipto, entre os quais se destacam: elevado consumo de água, erosão dos solos, monocultura florestal com impactos negativos na biodiversidade, ou incêndios mais difíceis de controlar.

Há uns meses atrás estive presente em Berlim numa reunião/conferência internacional sobre os desafios da Fiscalidade internacional. Pergunta neste momento o leitor: mas o que tem isso a ver com os Eucaliptos?! À partida, nada. Pois bem, nessa ocasião tive oportunidade de conhecer um colega da Austrália, que me disse algo curioso: “Caro Marco, já estive em Portugal e adorei o vosso país. Aliás, quase me senti em casa, tantos eucaliptais eu vi, o que permanentemente me fazia lembrar o sítio onde vivo. Já viajei por diversas partes do mundo, mas nunca tinha visto tanto Eucalipto fora da Austrália” (conforme certamente saberá o Eucalipto é originário daquelas paragens).

Vejamos alguns números. Os últimos dados do Inventário Florestal Nacional indicam-nos que os Eucaliptos tiveram um crescimento de 13% entre 1995 e 2010, e são hoje a espécie dominante na floresta portuguesa, com 812 mil hectares plantados, correspondentes a 26% do total de área florestal. O Sobreiro e o Pinheiro-bravo ocupam, cada um, 23%, e a Azinheira ocupa 11% da nossa floresta. Em termos territoriais globais, a floresta portuguesa ocupa 3,2 milhões de hectares, o que corresponde a 35,4% do território nacional, registando entre 2005 e 2010 um decréscimo de 57 mil hectares. Matos e pastagens ocupam 32% e as áreas agrícolas 24%.

Recentemente, no âmbito da reforma da floresta, o Governo avançou com a intenção de “congelar” a área ocupada por Eucalipto. O propósito essencial é parar a expansão de uma espécie que, entre 1995 e 2010, superou a área de Pinheiro-bravo e se consolidou como a mais importante da floresta nacional. Segundo o novo regime de arborização e rearborização, as novas plantações de eucalipto poder-se-ão concretizar apenas por substituição de áreas já plantadas, fazendo com que a espécie deixe de ser cultivada em espaços pouco ajustados à sua produtividade e se concentre nas áreas com condições ecológicas mais apropriadas. Como é óbvio, um coro de críticas a esta medida rapidamente surgiu, principalmente com origem nos agentes económicos (produtores florestais e indústria da pasta e do papel). Estes sustentam que a proibição não é uma solução adequada, nomeadamente porque potenciará o surgimento de mato, mais suscetível aos incêndios florestais.

Não sou especialista em gestão florestal, e muito menos em ambiente ou biodiversidade. Por isso, não me sinto preparado para discutir tecnicamente este tema nem para avaliar objetivamente quem tem razão. Apenas observo o fenómeno enquanto cidadão, e apenas nessa qualidade posso fazer algumas considerações: a) pratico regularmente BTT na região onde vivo, e onde existia uma vasta área de pinhal na qual era um prazer passearmos, hoje deparamo-nos com eucaliptais a perder de vista que transformaram para bem pior o cenário; b) fruto da minha atividade profissional viajo com frequência entre Lisboa e Caldas da Rainha, utilizando a autoestrada A8; convido o estimado leitor a observar a mancha florestal presente em redor desta via rodoviária, e a tentar descobrir áreas de floresta que não sejam Eucalipto.

Enquanto cidadão, e apenas nessa qualidade, pergunto aos técnicos e aos responsáveis pela gestão florestal do nosso país o seguinte: não estaremos a pôr em causa o futuro sustentável do nosso território, em troca da rentabilidade económica de curto prazo?

Fica o desafio para quem tecnicamente tenha a capacidade de responder à questão. Eu apenas posso dizer que disfrutar responsavelmente da Natureza num pinhal nada tem que ver com o aspeto desolador de um eucaliptal.

Até breve!

Marco Libório

CEO da UWU Solutions / Consultor / Docente 

blog@marcoliborio.me

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Empreendedorismo, Gestão

Marketing Digital: um desafio estratégico para as PME – Parte 1

Marketing Digital: um desafio estratégico para as PME - Parte 1

Marketing Digital: um desafio estratégico para as PME – Parte 1

A internet veio revolucionar o mundo em que vivemos. Não haverá certamente maior cliché! Apesar disto, verificamos que uma parte importante das empresas ainda não tira o devido partido das potencialidades do online.

Há cerca de 4 anos atrás, durante o verão (altura do ano em que temos mais tempo, o que a torna propícia a reflexões estratégicas), percebi que algo deveria ser feito na minha empresa – UWU Solutions. Assim, com ajuda de alguns especialistas na área, concluímos rapidamente que a nossa empresa fazia parte daquele grupo e que não tinha uma presença online eficaz. Alguns termos, expressões e siglas que começaram a surgir eram-nos totalmente desconhecidas. Por exemplo: SEO, Adwords, Google Alerts, Google Analytics, Landing Page, ou Content marketing, não pertenciam ao nosso léxico.

Constatámos que seria necessário mudar, mudar muito, e encarar este aspeto como verdadeiramente estratégico no processo de desenvolvimento da nossa marca. Tendo esta constatação como ponto de partida, iniciámos a discussão do caminho a seguir. Sabíamos desde logo onde queríamos chegar (fazer da UWU Solutions uma marca de referência no universo da consultoria às PME), “só” faltava definir o “como”. Perguntar-se-á: mas é suficiente ter uma boa presença online para garantir uma marca forte? Parece-nos claro que não. No entanto, nos dias que correm, nomeadamente com a proliferação das redes sociais, dificilmente poderemos desenvolver e fazer crescer as nossas empresas sem uma estratégia adequada neste domínio. Basta ver o que estão a fazer as marcas de referência nos vários setores.

No final de 2012 constituímos uma equipa de trabalho, com elementos internos e externos, e “atirámo-nos de cabeça” neste desafio, tendo sempre presente que se tratava de algo absolutamente estratégico para a nossa empresa, que tinha sido descurado até ali, mas que a partir daquele momento teria que ser diferente. Após várias sessões de brainstorming, de longas reuniões de trabalho árduo, e de muitas horas de estudo e pesquisa sobre o tema, ao fim de três meses começámos a ter “fumo branco” e chegámos finalmente ao desenho da estratégia a seguir e da metodologia a aplicar.

Na definição de uma estratégia temos que ter sempre presente onde queremos chegar. O foco é fundamental, sob pena de nos desviarmos do caminho certo. Este aspeto é bem mais difícil de controlar do que à partida possa parecer. No caso da UWU, sabendo que pretendíamos (e pretendemos) ser uma referência no apoio à gestão das PME, que orientação deveríamos escolher? Seguimos o raciocínio seguinte:

  1. Para nos tornarmos uma referência, necessitamos de aumentar a notoriedade;
  2. Para fomentar a notoriedade teríamos que demonstrar conhecimento sobre matérias relevantes para o nosso público-alvo;
  3. Para demonstrar esse conhecimento seria essencial comunicar regularmente com a nossa rede, disponibilizando informação útil e pertinente, de forma consistente e rigorosa, e com uma periodicidade certa.

Posto isto, definimos os seguintes pilares da nossa estratégia de marketing digital: 1. Planear; 2. Pesquisar; 3. Criar; 4. Publicar; 5. Promover; 6. Propagar; 7. Personalizar; 8. Monitorizar.

No próximo artigo falarei em detalhe de cada um destes pontos.

Até breve!

Marco Libório

CEO da UWU Solutions / Consultor / Docente 

blog@marcoliborio.me 

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Gestão

Produtividade

Produtividade

Produtividade

O relógio do escritório marcava 21h17. “Por hoje já chega!” pensou Nuno. Outro dia de intenso de trabalho na sua empresa tinha chegado ao fim, e mais uma vez Nuno estava com aquela sensação de que não tinha sido produtivo. “É certo que não parei o dia todo! Fiz 2 reuniões, uma com a equipa de marketing, outra com um cliente. Respondi a uma dúzia de e-mails…mas estou com a sensação que ainda tenho mais trabalho que no dia anterior. Será que não estou a ser produtivo? Como posso medir a minha produtividade e a da minha empresa?”, matutava Nuno no regresso a casa.

Desde logo, importa saber medir a Produtividade. Antes de melhorar a Produtividade, temos que ter a capacidade de a medir, pois só sabendo qual a nossa Produtividade atual, poderemos avançar com medidas para a melhorar. Num contexto empresarial, medir a Produtividade, seja da organização no seu conjunto, seja de cada elemento que nela trabalha, permite analisar a sua eficácia e a sua eficiência. Importa distinguir estes dois conceitos. Utilizemos o exemplo de um autocarro que parte de Lisboa em direção ao Porto. Eficácia é chegar ao destino pretendido, isto é, à cidade do Porto. Eficiência é fazê-lo de forma a consumir o mínimo de recursos possível. Dito de outra forma, o autocarro pode escolher vários caminhos possíveis para chegar ao Porto. E chegando lá, foi eficaz. No entanto, apenas um deles é o caminho eficiente, por ser o mais rápido e/ou mais curto e permitir, por exemplo, um menor consumo de combustível.

A “Produtividade” baseia-se nestes dois conceitos, procurando avaliar o quão somos eficazes (atingimos os nossos objetivos) e eficientes (gastando a menor quantidade de recursos possível – tempo, dinheiro, energia, etc.).

Medir a Produtividade passa, entre outras coisas, por: a) Definir uma unidade de medida (pode ser monetária – o montante recebido; a margem de lucro, ou quantitativa – o número de bens produzidos, de chamadas atendidas, de serviços contratados, etc.; b) Escolher um intervalo de tempo (uma hora, um dia, uma semana, um mês, um trimestre, um ano, etc.); c) Medir o resultado de cada tarefa (registar os seus resultados consoante a medida e o tempo escolhidos – X bens produzidos por hora, por exemplo); d) Definir o tempo-padrão de cada tarefa (após o passo anterior, ao fim de algum tempo é possível definir tempos-padrão para cada tarefa; isto permitirá registar e analisar os desvios de tempo ocorridos com determinado colaborador ou tarefa); e) Calcular a Produtividade do trabalho (considere-se os resultados obtidos durante o período de tempo escolhido e divida-se os mesmos pelo número de horas de trabalho que foram gastas para obter esses resultados; exemplo: se um colaborador atendeu 120 clientes numa semana de trabalho – uma semana corresponde a 40 horas de trabalho – então ele atendeu em média 3 clientes/hora).

Para além dos aspetos quantitativos, existem também os aspetos qualitativos. Utilizando o exemplo do número de clientes atendidos, importa não só analisar a quantidade de atendimentos, mas também a qualidade desse atendimento. Em determinadas situações, o fator qualitativo será certamente o mais relevante.
Após implementar um sistema de medição da Produtividade, baseado em critérios rigorosos e adequados a cada realidade, naturalmente que o passo seguinte será procurar aumentar a produtividade da organização.

Vejamos algumas medidas que podem ser implementadas:

a) Identificar as falhas (analisar todos os processos internos, com o intuito de encontrar as ineficiências);

b) Investir na formação (fomentar as equipas de trabalho a aprenderem novas formas de desenvolver as suas tarefas, que sejam mais eficientes, mais produtivas, e mais motivadoras);

c) Manter canais de comunicação internos (é preciso saber o que se passa com os colaboradores da empresa e comunicar com estes);

d) Repensar estratégias (pode ser necessário repensar os métodos de trabalho aplicados para aumentar a motivação e a Produtividade; as melhorias podem passar por trabalhar a partir de casa em determinados dias, quando o trabalho o justificar, envolver os trabalhadores na definição de estratégias da empresa ou organizar o trabalho segundo a gestão de objetivos pessoais).

Não raras vezes se diz que os Portugueses não são produtivos. Não concordo. Não tenho de todo essa experiência. Tenho trabalhado com pessoas de outras nacionalidades, e sinceramente não descortinei uma capacidade de trabalho superior à nossa. Estou totalmente convicto que somos tão ou mais produtivos que os restantes. Falta-nos apenas sermos mais organizados e metódicos. Em contraponto, temos uma capacidade criativa e uma flexibilidade que, amiúde, é elogiada por quem vem de fora.

Podemos e devemos melhorar o nível de produtividade? Claro que sim. Todos nós. Nas empresas, mas instituições, no Estado. Em todos os aspetos da nossa sociedade podemos fazer mais e melhor.

Até breve!

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CEO da UWU Solutions / Consultor / Docente

blog@marcoliborio.me

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