Empreendedorismo

Marketing Digital: um desafio estratégico para as PME – Parte 2

Marketing Digital: um desafio estratégico para as PME - Parte 1

Marketing Digital: um desafio estratégico para as PME – Parte 2

No artigo anterior partilhei consigo a nossa história, e de que forma nos apercebemos da importância do online para as empresas. Tendo em conta a minha experiência, ter uma presença digital forte não é sinónimo apenas de ter um website. Vai muito para além disso.

Assim, relembrando que a estratégia definida na UWU Solutions assenta no princípio de que pretendíamos (e pretendemos) ser uma referência no apoio à gestão das PME, definimos os seguintes pilares da nossa estratégia de marketing digital: 1. Planear; 2. Pesquisar; 3. Criar; 4. Publicar; 5. Promover; 6. Propagar; 7. Personalizar; 8. Monitorizar.

“Planear” passa por três aspetos fundamentais (definição de objetivos; metodologia de trabalho; criação da equipa), e na prática representa a definição do que se pretende desenvolver nos 7 passos seguintes.

Na fase “Pesquisar”, é fundamental identificar o nosso “público-alvo”, pois só sabendo a quem nos dirigimos, poderemos comunicar de forma eficaz. Neste processo, é essencial criar uma personagem (ou persona) que represente o perfil do destinatário (cliente ou potencial cliente). Na UWU a persona chama-se “Miguel Sousa”. Tudo o que desenvolvemos, nomeadamente ao nível dos conteúdos, é pensado para ele. Após sabermos “com quem estamos a falar”, importa identificar os seus comportamentos de pesquisa online, isto é, onde navega o “Miguel Sousa”. Por exemplo, utilizando a ferramenta Google Trends, podemos observar a relação de intenção de compra com as pesquisas por determinadas palavra-chave relacionadas com o nosso negócio.

“Criar” representa a construção de todas as “peças” de comunicação (website; página da empresa nas diferentes redes sociais; modelo de newsletter; etc.). Vulgarmente a empresa já possui uma presença online, através de um website institucional. No entanto, não raras vezes esse website está devidamente pouco trabalhado e otimizado, no sentido a visibilidade da empresa. Neste âmbito, existe um conceito fundamental: SEO. Esta sigla significa “Search Engine Optimization“, e representa o processo contínuo de otimização da presença online, permitindo que, mesmo sem recorrer a links patrocinados (isto é, sem ter que pagar), seja possível determinado website aparecer nos primeiros lugares de pesquisa sobre um determinado assunto. A propósito, sabe qual o atual ranking do seu website?

Na UWU definimos a criação de conteúdo como o aspeto fundamental da nossa estratégia de marketing digital. Obviamente que esse conteúdo tem que ser dado a conhecer, isto é, temos que o “Publicar”. Desde logo, é importante que os conteúdos produzidos estejam acessíveis no website da empresa. O que realmente diferencia o seu website dos restantes é o conteúdo. É aí que a empresa está a criar valor percebido pelo utilizador. É a partir daí que podemos criar empatia com o potencial cliente, pois estamos a disponibilizar-lhe informação útil sem pedir nada em troca. Por seu lado, também para avaliação do website por parte do Google, o “bom” conteúdo é fundamental, potenciando uma melhor posição nas pesquisas.

Para além de publicar conteúdos, e no sentido de potenciar o alcance dos mesmos, é fundamentar “Promover” a disseminação dos mesmos. Existem hoje diferentes formas de promover a nossa empresa online. Por exemplo, podemos optar por fazer links patrocinados, por fazer campanhas promocionais, ou através de divulgação baseada em oportunidade. Na UWU optou-se pela “Divulgação baseada em conteúdo”. Do nosso ponto de vista, a melhor forma de divulgar a nossa empresa é basear a divulgação em conteúdo de qualidade. Esta estratégia tem muito a ver com a criação de reputação pretendida, potenciando que a marca se dissemine a partir do próprio cliente.

“Propagar” significa que as pessoas já estão a partilhar o que a sua empresa faz online, nomeadamente os conteúdos produzidos por si. Estamos a falar de relevância, qualidade e pertinência. No fundo, temos o próprio “consumidor” a “vender” a marca da sua empresa entre os seus pares. Obviamente que se trata de uma comunicação muito mais eficaz, com credibilidade reforçada, porque alguém sem interesse direto na sua empresa se predispõe a divulgar aquilo que você faz.

Quanto ao “Personalizar”, debruçamo-nos em e-mail marketing como forma de criar uma relação com os elementos da sua rede. Devemos pensar em e-mail marketing como uma newsletter de conteúdo, que gera valor para quem o recebe por meio de informação relevante. Outro aspeto de extrema importância é a disciplina no envio. Por exemplo, na UWU o envio é feito sempre no mesmo dia, e aproximadamente à mesma hora. Isto cria habituação nos destinatários, que já sabem de antemão que irão receber algo naquele dia específico. Elimina-se a incerteza e cria-se fidelização. Outra dica importante: identificar o destinatário de e-mail no início do texto do mesmo. “Exmo. Sr.”, “Estimado cliente”, ou “Caro Senhor” dá um toque impessoal ao seu mail, o que facilmente conduzirá à rejeição e à saída de muitos contactos da sua rede. Não descure este tipo de pormenores, pois o detalhe faz normalmente a diferença.

“Monitorizar” é um trabalho de extrema importância. Na prática trata-se de avaliar, a todo o momento, a eficácia de todo o processo atrás descrito, de modo a introduzir as devidas melhorias. Isto significa, obviamente, que o trabalho nunca está finalizado, ou seja, é continuamente necessário avaliar o que estamos a fazer em cada um dos passos anteriormente referidos, para que possamos otimizar a processo.

 

Até breve!

Marco Libório

CEO da UWU Solutions / Consultor / Docente 

blog@marcoliborio.me

 

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Empreendedorismo, Gestão

Marketing Digital: um desafio estratégico para as PME – Parte 1

Marketing Digital: um desafio estratégico para as PME - Parte 1

Marketing Digital: um desafio estratégico para as PME – Parte 1

A internet veio revolucionar o mundo em que vivemos. Não haverá certamente maior cliché! Apesar disto, verificamos que uma parte importante das empresas ainda não tira o devido partido das potencialidades do online.

Há cerca de 4 anos atrás, durante o verão (altura do ano em que temos mais tempo, o que a torna propícia a reflexões estratégicas), percebi que algo deveria ser feito na minha empresa – UWU Solutions. Assim, com ajuda de alguns especialistas na área, concluímos rapidamente que a nossa empresa fazia parte daquele grupo e que não tinha uma presença online eficaz. Alguns termos, expressões e siglas que começaram a surgir eram-nos totalmente desconhecidas. Por exemplo: SEO, Adwords, Google Alerts, Google Analytics, Landing Page, ou Content marketing, não pertenciam ao nosso léxico.

Constatámos que seria necessário mudar, mudar muito, e encarar este aspeto como verdadeiramente estratégico no processo de desenvolvimento da nossa marca. Tendo esta constatação como ponto de partida, iniciámos a discussão do caminho a seguir. Sabíamos desde logo onde queríamos chegar (fazer da UWU Solutions uma marca de referência no universo da consultoria às PME), “só” faltava definir o “como”. Perguntar-se-á: mas é suficiente ter uma boa presença online para garantir uma marca forte? Parece-nos claro que não. No entanto, nos dias que correm, nomeadamente com a proliferação das redes sociais, dificilmente poderemos desenvolver e fazer crescer as nossas empresas sem uma estratégia adequada neste domínio. Basta ver o que estão a fazer as marcas de referência nos vários setores.

No final de 2012 constituímos uma equipa de trabalho, com elementos internos e externos, e “atirámo-nos de cabeça” neste desafio, tendo sempre presente que se tratava de algo absolutamente estratégico para a nossa empresa, que tinha sido descurado até ali, mas que a partir daquele momento teria que ser diferente. Após várias sessões de brainstorming, de longas reuniões de trabalho árduo, e de muitas horas de estudo e pesquisa sobre o tema, ao fim de três meses começámos a ter “fumo branco” e chegámos finalmente ao desenho da estratégia a seguir e da metodologia a aplicar.

Na definição de uma estratégia temos que ter sempre presente onde queremos chegar. O foco é fundamental, sob pena de nos desviarmos do caminho certo. Este aspeto é bem mais difícil de controlar do que à partida possa parecer. No caso da UWU, sabendo que pretendíamos (e pretendemos) ser uma referência no apoio à gestão das PME, que orientação deveríamos escolher? Seguimos o raciocínio seguinte:

  1. Para nos tornarmos uma referência, necessitamos de aumentar a notoriedade;
  2. Para fomentar a notoriedade teríamos que demonstrar conhecimento sobre matérias relevantes para o nosso público-alvo;
  3. Para demonstrar esse conhecimento seria essencial comunicar regularmente com a nossa rede, disponibilizando informação útil e pertinente, de forma consistente e rigorosa, e com uma periodicidade certa.

Posto isto, definimos os seguintes pilares da nossa estratégia de marketing digital: 1. Planear; 2. Pesquisar; 3. Criar; 4. Publicar; 5. Promover; 6. Propagar; 7. Personalizar; 8. Monitorizar.

No próximo artigo falarei em detalhe de cada um destes pontos.

Até breve!

Marco Libório

CEO da UWU Solutions / Consultor / Docente 

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5 sugestões de leitura para as suas férias

5 sugestões de leitura para as suas férias

5 sugestões de leitura para as suas férias

Agosto é normalmente o mês escolhido, por grande parte de nós, para usufruir das esperadas férias e do merecido descanso. Por norma, aproveitamos para estar mais tempo com a família e amigos, nomeadamente na praia. Entre um mergulho e dois dedos de conversa, há sempre tempo para nos dedicarmos a recuperar a nossa leitura, levando connosco aquela meia dúzia de livros que teimam em ocupar a nossa mesa-de-cabeceira durante todo o ano.

Deixo-lhe aqui 5 sugestões, cuja leitura considero útil para uma melhor compreensão dos principais desafios que todos enfrentamos atualmente ao nível empresarial e económico.

  • Não Basta Ser Bom, é Preciso Querer Ser Bom.”, de Paul Arden; Sinopse: Não basta ser bom, é preciso querer ser bom é um guia conciso do famoso publicitário Paul Arden que vai ajudar os leitores a tirar maior partido de si próprios. Trata-se de uma Bíblia de bolso para os talentosos e os tímidos transformarem o impensável em inteligível e fazer possível o impossível.
  • Os Planos Bilderberg para Portugal”, de Rui Pedro Antunes; Sinopse: Em tempo de ditadura, reuniões secretas são um ato de coragem. Em democracia são um ato de cobardia. O clube mais poderoso do mundo alega total inocência e direito à privacidade. Mantém-se avesso a dar informações sobre os encontros que promove, mesmo quando para isso precisa do dinheiro dos contribuintes. Como atuam? O que os move? Que portugueses já passaram por lá? E com que implicações na sua vida pública e carreira? Saiba como Portugal se cruza com este corredor não oficial de poder. E como a História de Portugal poderia ter seguido um curso diferente se Bilderberg assim o entendesse.
  • “Steve Jobs”, de Walter Isaacson; Sinopse: “Eu quero deixar uma marca no Universo”. Conheça um percurso de vida marcado pelo inconformismo, pelas conquistas, por lançamentos de sucesso e discursos apaixonantes.
  • “Grandes Chefes da História de Portugal”, de José Pedro Zúquete e Ernesto Castro Leal; Sinopse: Numa altura em que Portugal atravessa mais um momento conturbado, erguem-se vozes clamando por alguém que lidere o país na direção da prosperidade. Ao longo da nossa História várias foram as figuras que, em determinado momento ou área, personificaram os valores que associamos a um bom líder. Este livro aborda os temas da chefia e da liderança e a figura do chefe, o seu trajeto, influência e simbolismo, em várias áreas humanas, sociais e políticas ao longo do tempo, exemplificando com figuras e episódios relevantes.
  • “Criar Propostas de Valor”, de Alexander Osterwalder, Alan Smith, Greg Bernarda e Yves Pigneur; Sinopse: Criar Propostas de Valor ajuda-o a dominar os conceitos mais importantes do mundo dos negócios – criar produtos e serviços apetecíveis que os clientes realmente querem.

A título de nota final, sublinho que a ordem apresentada é perfeitamente aleatória, não representando qualquer tipo de preferência entre os títulos sugeridos.

Até breve e boas leituras!

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Deixómetro

Deixómetro

Deixómetro

Recentemente, numa das minhas regulares visitas ao supermercado com o intuito de reforçar o stock lá de casa, deparei-me com a palavra que constitui o título deste artigo. Encontrei-a numa embalagem de papa. Trata-se de uma iniciativa de uma marca de alimentos para crianças. O “Deixómetro” constitui um desafio aos pais, no qual é possível avaliar se damos liberdade aos nossos filhos e promovemos a sua independência, ou se pelo contrário somos demasiado protetores. Não deixa de ser um passatempo, com um caráter lúdico, mas deverá fazer-nos pensar sobre que próxima geração estamos a “construir”.

Pais da minha geração, que nascemos entre a segunda metade da década de 1970 e a primeira metade da década de 1980, não estaremos a ser demasiado protetores, e porventura prejudicarmos o desenvolvimento dos nossos filhos? Obviamente que o fazemos com a melhor das intenções. Todos nós queremos o melhor para os nossos filhos. Mas será que não estaremos a ser “hiper-protetores”?

Penso nisto recorrentemente. Sou pai, e só por esse facto considero ter a obrigação de, nessa qualidade, refletir sobre este assunto. Mas também profissionalmente esta questão me levanta interrogações. Não raras vezes, em contexto de processo de recrutamento para a minha empresa, eu me deparo com candidatos que demonstram uma significativa falta de pró-atividade, muitos deles já perto dos 30 anos, mas que pouco ou nada fizeram pelas suas carreiras, continuando na generalidade dos casos a viver em casa dos pais, e em total dependência económica destes. Seremos a única empresa a deparar-se com este problema?

Em contexto de mercado de trabalho, o ambiente é naturalmente competitivo, e as empresas procuram os melhores. Hoje, mais importante que a média obtida no curso superior, é o foco na solução e não no problema, é saber trabalhar em equipa, é procurar superar-se todos os dias, é ter a noção de criação de valor. Diria que, numa palavra, é ser “pró-ativo”. É este perfil de pessoas que as empresas procuram. Mas será este o perfil que fomentamos nos jovens, enquanto filhos ou educandos?

Pensemos nisto de uma forma mais abrangente. Na sociedade atual as crianças e jovens passam a maioria do seu tempo na Escola. Os pais continuam a ter um papel fundamental na educação dos seus filhos, mas esse papel é hoje mais do que nunca partilhado com a Escola.

Será que a Escola de hoje está a contribuir para que os nossos jovens sejam pró-ativos, criativos, empreendedores, independentes? Um modelo de ensino em que obrigamos os jovens a estarem horas a fio sentados numa sala, quietos e calados, num papel passivo de assimilarem matéria, para depois a “despejarem” num teste escrito, prepara-os convenientemente para os desafios da sociedade do futuro? Qual a razão de a Escola não se adaptar, e continuar a ser, no essencial, o que era há 100 anos atrás?

Na minha perspetiva, é fundamental que os alunos sejam munidos pela Escola de um conjunto de capacidades e competências fundamentais para mais facilmente ultrapassarem os vários obstáculos que a vida lhes trará. Defendo uma abordagem mais ativa, mas empreendedora, que envolva todos (alunos, pais, professores, etc.). Para que isto aconteça, qualquer atividade na escola deve desenvolver um conjunto alargado de competências empreendedoras entre os alunos (e porque não dizê-lo, entre os professores, diretores e pessoal não-docente). Subjacente a qualquer iniciativa deve estar a aplicação da metodologia aprender-fazendo (conhecida na literatura anglo-saxónica por learning by doing). Para além disto, o trabalho em equipa, a tomada de decisões, a capacidade de arriscar, e a focagem em soluções, deve constituir a matriz principal de qualquer atividade escolar. Dever-se-á procurar, simultaneamente, diversificar tanto quanto possível lançando constantemente novos desafios aos alunos, o que naturalmente os motivará, mas também permitir a todos demonstrarem o que têm de melhor.

As competências a adquirir deverão sustentar uma atitude permanentemente empreendedora, que permita influenciar os alunos no sentido de estes procurarem superar-se diariamente. Mais que ter ideias, o aluno terá que ter a capacidade de as pôr em prática. Mais que trabalhar isoladamente, o estudante tem que saber funcionar em grupo. Mais do que recetor de conhecimentos, o aluno potenciará as suas competências racionais, emocionais e relacionais. A criatividade, a iniciativa, a inovação, a pró-atividade, o esforço, a exigência, o mérito, são alguns conceitos nucleares em todo este processo.

Mas isto é só a “ponta do iceberg”. É imprescindível percorrer um caminho até se chegar ao aluno, isto é, ter-se-á que desenvolver um trabalho intenso junto dos restantes “atores”, para que seja efetivamente possível construir um novo processo educativo.

Os pais têm um papel fundamental neste processo. São certamente um dos “atores principais”. E são-no por duas vias. Por um lado, procurarão educar os seus filhos tendo por base princípios como a independência, a liberdade, e a responsabilidade. Por outro, deverão ser mais exigentes com a Escola, levando a que esta redefina o seu modelo e construa uma abordagem verdadeiramente adaptada à sociedade atual.

Enquanto empregadores podemos exigir, se enquanto pais não fizermos algo para mudar a situação? Fica a questão para refletirmos…

Até breve!

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“Silicon Valley” da Europa

“Silicon Valley” da Europa

“Silicon Valley” da Europa

“Encontrei um Portugal extremamente vibrante. (…) Na maioria dos últimos 400 anos, Portugal fez comércio com o resto do mundo. Por isso é uma nação muito focada, está no seu ADN fazer coisas e vendê-las em qualquer parte do mundo. (…) O passado é passado, e há sete anos houve uma geração que se concentrou em fazer um futuro melhor. Porque para essas pessoas não interessa a política, as decisões do FMI, ou da UE. Sejam quais forem as circunstâncias, essas pessoas estão determinadas em construir grandes coisas. É um inesperado nível de positivismo. E isso sente-se ao andar em Portugal”.

O autor destas palavras é Paddy Cosgrave, cofundador da Web Summit, em entrevista ao Diário Económico, no passado dia 5 de Fevereiro. A Web Summit é considerado um dos mais importantes encontros mundiais de empreendedorismo e tecnologia, e realiza-se desde 2010 em Dublin, na Irlanda. Neste ano de 2016, e nos próximos três anos, a Web Summit irá realizar-se noutro local. Sabe onde? Será Silicon Valley? Londres? Berlim? Xangai? Não, é mesmo em Lisboa. A propósito desta mudança para Lisboa, Paddy Cosgrave afirmou que “é uma cidade mágica e com tanta história. Estou muito contente por podermos chamar Lisboa a nossa casa em 2016.”.

Estas palavras deviam-nos fazer refletir enquanto portugueses. Na parte que me toca, vou partilhar consigo alguns pensamentos, com base naquelas declarações e no que observo ao meu redor.

Há cerca de 3 anos estive em Silicon Valley, na Califórnia. Foi uma experiência marcante para mim. Compartilharei consigo os detalhes desta viagem num dos meus próximos artigos. Neste contexto, recordei esta viagem a propósito das declarações de Paddy Cosgrave. Silicon Valley é de facto um local diferente, ainda longe da realidade portuguesa. Após regressar, várias pessoas me perguntavam “mas que diferença tão grande existe?”. Usei uma metáfora para lhes explicar: num determinado local do mundo existe um rio, que corre da montanha, onde nasce, para o mar; nesse local todas as pessoas são levadas a nadar em direção à montanha; quando alguém mergulha no rio e começa a nadar naquela direção, obviamente sente enormes dificuldades, pois a corrente está contra si; necessitará de fazer um enorme esforço para se conseguir deslocar, e terá que parar inúmeras vezes na margem para descansar; terá até de acautelar-se para não ser empurrado para trás. Noutro local do mundo, distante daquele, existe um rio semelhante; no entanto verifica-se uma diferença fundamental: as pessoas nadam em direção ao mar, isto é, têm a corrente a seu favor; isto permite-lhes, com uma dose controlada de esforço, fazer muito mais viagens no rio, pois a água ajuda-os a deslocar-se, ao invés de os dificultar.

Nós em Portugal não somos piores “nadadores” que os de Silicon Valley. Não somos menos competentes, menos inteligentes, menos eficientes ou menos capazes. Simplesmente o sistema de Silicon Valley funciona de forma a potenciar o empreendedorismo. Lá é quase impossível não empreender. Inclusivamente a lógica da tentativa-falhanço é valorizada, pois demonstra resiliência, persistência e vontade de vencer. Aqui, o nosso “rio” corre quase sempre contra o empreendedor, pois grande parte das vezes criar um negócio é uma soma inacreditável de obstáculos. Temos vindo a melhorar, é uma verdade, mas muito caminho há ainda por percorrer. Portugal já foi um exemplo de empreendedorismo no passado, quando deu novos mundos ao Mundo. Porque regredimos? Porque somos hoje uma gente limitada pelo medo?

Portugal está longe de ser um paraíso para os empreendedores. Mas isso impediu que muitas startups portuguesas sejam hoje um sucesso internacional? Não. Isso impediu que a Web Summit escolhesse Portugal? Não. Imaginemos o que aconteceria se o nosso país fosse capaz de construir um ecossistema verdadeiramente potenciador de empreendedores. A Web Summit pode ajudar a mudar o panorama, mas não será certamente suficiente.

É possível transformarmos Portugal num “Silicon Valey” da Europa? Existe algo a impedir-nos? Só nós próprios.

Até breve!

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8 Tendências nos negócios para 2016

8 Tendências nos negócios para 2016

8 Tendências nos negócios para 2016

Estamos no princípio de Janeiro e muitos de nós aproveitam esta altura para preparar a estratégia para o ano que agora inicia. Num mundo cada vez mais competitivo e tecnológico, as empresas têm que estar constantemente a par das novas tendências. Tendo isto em conta, desta feita partilho consigo algumas das principais tendências para o ano de 2016.

1 – As oportunidades do “Freelancing”

O constante aumento de profissionais especializados está a ter um impacto relevante no mercado “freelancer”. Ao contrário do que muitos pensam, este crescimento parece não querer abrandar. Só em 2015, num estudo efetuado a cerca de 1000 trabalhadores dos Estados Unidos, cerca de 34% efetuaram algum tipo de trabalho “freelancer” no último ano, e para cerca de 60% destes, 25% ou mais do seu rendimento foi proveniente desses trabalhos. Estes números demonstram que é cada vez mais fácil para as empresas adquirir trabalho “freelancer” especializado e a preços competitivos, sobretudo devido a tecnologias como a “Cloud” e a Ferramentas de Trabalho Remoto, a tendência “Freelancer” parece que manterá uma tendência de crescimento.

2 – Adaptação ao Mundo Digital

As novas tecnologias transformaram, em muito, a maneira como devemos abordar o desenho de um modelo de negócio. Em 2016 as empresas devem ser conduzidas a pensar, não só na estratégia de interação pessoal, mas também nas estratégias de angariação de clientes e venda de produtos, através de todas as plataformas digitais (telemóveis, sites na internet, redes sociais, etc.).

3 – Trabalho Remoto

Num mundo onde a internet e a tecnologia fazem cada vez mais parte das nossas vidas, e onde um trabalho pode ser entregue enviando um email, exigir que seus funcionários fiquem 8 horas por dia dentro de um escritório só para cumprir horário parece ter os dias contados para determinadas funções. O trabalho remoto, onde cada funcionário pode trabalhar em qualquer lugar (um café, um “coworking” ou de casa) é um modelo que parece fazer cada vez mais sentido.

4 – Relacionamento com o público

Não é novidade que as redes sociais se afirmaram no mercado e deixaram de ser apenas para adolescentes. Hoje, profissionais de referência utilizam as redes sociais para trabalhar, divulgar os seus serviços ou produtos, bem como para fazer negócio. Por seu lado, a relação das marcas com o público através dos meios digitais cresce de importância, e as marcas procuram estar cada vez mais próximas e atentas ao que o público deseja e precisa.

5 – Conteúdo como forma de divulgação

O algoritmo do Google estabelece-se como líder incontestado nas listagens de pesquisas na Internet. Neste sentido, o algoritmo dará crescente importância ao conteúdo dos sites. Qualquer empresa que queira afirmar a sua presença digital em relação aos seus concorrentes, necessita de investir em conteúdo específico para o seu público-alvo. No entanto, não basta disponibilizar conteúdo “só porque sim”. É imperioso um planeamento prévio e, para isso, é bom contar com uma empresa ou profissional especializado para este trabalho. Existem vários dados que comprovam que, a médio e longo prazo, o investimento na criação e publicação de conteúdo acaba por reduzir a necessidade de investimentos em anúncios, links patrocinados e outros. O grande segredo é produzir conteúdo útil para o público que a empresa deseja atingir. Um cliente com potencial poderá não saber da sua existência, mas poderá encontra-lo através do Google.

6 – Internet of things

A “internet das coisas” altera completamente o modo como as empresas produzem produtos. Já não se trata apenas do produto físico. Nos dias de correm, a sua empresa tem de se focar também no “software” do produto, ou nas “apps”, e prestar atenção à conectividade do mesmo, isto é, à forma como aquele interage com outros “produtos”.

7 – Informação valiosa e cibersegurança

A informação é mais valiosa do que alguma vez foi. A criação de modelos que analisam e preveem o comportamento dos seus clientes está crescentemente ao alcance de todos. Tudo o que fazemos no dia-a-dia, através do nosso telemóvel, é transformado em informação que, mais tarde, tem um valor imenso para as empresas que dispõem dessa informação. Veja-se o caso dos serviços de localização que são ativados por algumas aplicações para smartphone, e pense-se o quanto não vale saber por onde andamos e o que fazemos em cada local. Diz-se que a Google assenta atualmente o seu modelo de negócio na recolha, tratamento e análise de dados. Se a importância da informação impera, então a segurança da mesma é fundamental. Já pensou nas consequências de alguém aceder à informação interna da sua empresa, e poder utilizá-la contra si? Pense nisto e atue, antes que seja tarde.

8 – Comércio eletrónico

O comércio eletrónico já não é novidade. No entanto, existem ainda muitas empresas que tardam em entender esta tendência inevitável. Basta navegar um pouco e visitar alguns sites, para facilmente se constatar como alguns ainda não perceberam a importância deste canal de vendas. Dê uma vista de olhos no que as empresas de referência fazem online, e provavelmente perceberá porque são líderes nos respetivos mercados.

Até breve!

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Economia, Empreendedorismo, Fiscalidade

Indicadores de liquidez – Sabe como os especialistas analisam a sua empresa?

Indicadores de liquidez – Sabe como os especialistas analisam a sua empresa?

Indicadores de liquidez – Sabe como os especialistas analisam a sua empresa?

Quando envia um Balancete ou um Balanço da sua empresa para uma entidade financeira, sabe que indicadores vão ser analisados?

A tesouraria é hoje um dos pontos mais sensíveis na gestão financeira de qualquer empresa. Tendo isto em conta, a gestão da tesouraria e a capacidade em gerar dinheiro com o ciclo operacional é um dos aspetos mais relevantes aquando da análise de risco de uma empresa.

Os indicadores relacionados com a liquidez têm como principal objetivo medir a capacidade da empresa em cumprir com os seus compromissos de ordem financeira de curto prazo, como é o caso dos vencimentos, custos com energia, informática, matérias-primas, entre outros.

Nos principais indicadores que permitem avaliar a “saúde” da sua empresa, em termos de liquidez, incluem-se: Liquidez Geral; Liquidez Imediata; Prazo médio de recebimento; Prazo médio de pagamento.

A Liquidez Geral (Ativo Corrente/Passivo Corrente) diz-nos qual é a capacidade da empresa em resolver os seus compromissos de curto prazo. Em termos práticos, se o valor deste rácio é maior do que 1, então a empresa apresenta uma situação financeira de curto prazo muito favorável. Ainda assim, é importante conjugar este rácio com os tempos médios de pagamento e de recebimento.

A Liquidez Imediata ((Ativo Corrente – Inventários)/Passivo Corrente) é uma medida mais próxima da liquidez efetiva da empresa, porque elucida a capacidade dos seus ativos de maior liquidez para assegurarem a cobertura do passivo corrente ou exigível de curto prazo. Os ativos com maior grau de liquidez incluem, genericamente, as dívidas de Clientes e o dinheiro em Caixa e/ou em contas bancárias. Um rácio inferior a 1 indicia que a empresa está muito dependente das existências e das vendas futuras para assegurar o pagamento das suas dívidas correntes. Um rácio de valor superior a 1 indica um elevado grau de segurança financeira.

O Prazo médio de recebimento (Clientes/(Vendas + Prestação de Serviços) x (1+IVA)) x 365 dias) é importante para a atividade da empresa, porque mostra aos gestores qual é o tempo, em dias, que os clientes demoram a pagar as suas obrigações para com a empresa. Quanto menor for esse rácio, mais depressa a empresa recebe os pagamentos dos clientes. Na generalidade dos casos, quanto maior for o prazo médio de cobrança de uma empresa, maior é a probabilidade de vir a ter de enfrentar situações de crédito em risco de cobrança. Uma regra de referência, neste caso, sugere que o prazo médio de recebimentos de uma empresa nunca deve ser superior em mais de 1/3 ao fixado nas suas condições de crédito contratuais. Na mesma ótica de análise, um rácio muito baixo pode indicar uma perda em vendas, por políticas de crédito demasiado restritivas.

Finalmente, o Prazo médio de pagamento ((Fornecedores/(Compras + FSE) x (1+IVA)) x 365 dias) é determinante para a empresa saber o tempo que demora a pagar aos seus fornecedores. Em termos práticos, o melhor para empresa é ter prazos de pagamento superiores aos de recebimento, para conseguir aumentar as suas disponibilidades. No entanto, o prazo de pagamento nunca poderá ser bastante superior ao de recebimento. Embora seja louvável que o empresário consiga uma gestão de tesouraria em que mantenha o dinheiro do seu lado o mais tempo possível, a extensão exagerada destes prazos pode conduzir a uma imagem desfavorável. O ideal nestas situações é que o prazo médio de pagamento coincida (ou exceda um pouco) o tempo necessário à transformação das existências em vendas e, na melhor das hipóteses, em dinheiro. Neste caso, os fornecedores financiam as suas existências e as suas vendas a crédito. Uma das comparações mais significativas para este rácio é a do prazo médio de pagamentos do sector. Se o prazo de pagamento da empresa exceder essa referência sectorial, isso pode indicar estrangulamentos de tesouraria ou uma má política de créditos. Assim, se o prazo médio de pagamento for inferior ao das condições padrão oferecidas pelos fornecedores, pode ser um sinal de que a empresa não está a gerir a tesouraria de forma eficiente.

Até breve!

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Empreendedorismo

Empreendedorismo e desenvolvimento socioeconómico

Empreendedorismo e desenvolvimento socioeconómico

Empreendedorismo e desenvolvimento socioeconómico

Qual será o verdadeiro papel do Empreendedorismo na promoção do desenvolvimento social e económico de um país ou região? Será o fenómeno do Empreendedorismo capaz, por si só, de alavancar o desenvolvimento de uma sociedade? Em que condições o poderá fazer?

Segundo as Nações Unidas, “ A hipótese do Empreendedorismo estar ligado ao crescimento económico encontra a sua fundamentação mais imediata na simples intuição, no bom senso e na observação económica pura: atividades que transformam ideias em oportunidades económicas estão no coração do Empreendedorismo. Empreendedorismo é uma fonte de inovação e mudança, e como tal incita a melhoria na produtividade e a maior competitividade económica.” (Nações Unidas, 2005). “Tanto no que se refere a questões qualitativas, quanto às dimensões quantitativas do desenvolvimento económico, o Empreendedorismo pode dar um contributo positivo. Este fenómeno é descrito, de uma forma geral, como importante para o desenvolvimento económico, visto potenciar a criação de empregos, aliviar a carga fiscal, e fornecer competitividade às economias.” (Naudé, 2008).

Atualmente podem-se identificar dois principais modelos que procuram explicar a correlação existente entre “Empreendedorismo” e “Desenvolvimento Económico”. São eles: o modelo de Wennekers and Thurik (1999) e o modelo do programa de pesquisa GEM (Global Entrepreneurship Monitor). Ambos colocam a tónica no indivíduo, no empreendedor. Empreender resulta, antes de mais, de uma atitude inovadora e pró-ativa. Segundo estes estudos, as políticas macroeconómicas de fomento ao Empreendedorismo são um fator muito importante, mas não o suficiente para potenciar o desenvolvimento económico através do Empreendedorismo. É necessário desenvolver as qualidades empreendedoras nos indivíduos, despertando neles o gosto por empreender. Esta visão é partilhada por outros autores. Murphy (1991) sublinha que o “talento empreendedor” é de extrema importância, influenciando de forma determinante a dimensão das empresas e o crescimento da economia. Sugere-se que, na perspetiva do crescimento económico de uma sociedade, «é muito importante que os mais talentosos e capazes se tornem empreendedores» (Murphy, Shleifer, & Vishny, 1991).

Tendo tudo isto em conta, e considerando o que já foi dito sobre o conceito de “Empreendedorismo”, parece consensual que os empreendedores poderão ser um elemento-chave no desenvolvimento das sociedades. Mas será que é sempre assim? Efetivamente poderá existir o que se pode apelidar de “mau” Empreendedorismo. Vários autores, como Murphy (1991), Baumol (1990), Acemoglu (1995), Mehluma, Moene, & Torvik (2003), defendem que os empreendedores mais talentosos e capazes tendem por vezes a procurar atividades “com maior propensão para o lucro, e não necessariamente as socialmente mais úteis” (Murphy, Shleifer, & Vishny, 1991).

A “capacidade empreendedora” do indivíduo é então o fator-chave para um “Empreendedorismo positivo”, no sentido de ser facilitador do desenvolvimento económico e social de um país ou região. Centrando-se a discussão neste ponto, de que forma se poderá melhorar as capacidades empreendedoras dos indivíduos? “As capacidades empreendedoras poderão ser melhoradas através da aquisição de experiências, da formação escolar(…)” (Holmes & Schmitz, 1990). Parecem existir evidências de que a forma como o conhecimento é partilhado é extremamente importante. O “aprender fazendo” (learning by doing) parece ser o caminho certo para potenciar as capacidades empreendedoras. “O Empreendedorismo é mais bem apreendido através da variedade de experiências educacionais e de experiência da vida real” (Consortium for Entrepreneurship Education, 2011).

Em conclusão, é fundamental que a sociedade em geral, e as instituições oficiais em particular, promovam ativamente o “Empreendedorismo positivo”, que está assente no potenciar das capacidades empreendedoras de cada um (e de todos), direcionando os empreendedores para atividades e negócios sustentáveis, quer do ponto de vista social, quer económico, quer também (e não menos importante) ambiental. “Experiências em alguns países evidenciam empiricamente que a capacidade empreendedora pode ser melhorada através, por exemplo, da educação, da cultura, da consciencialização sobre o Empreendedorismo como uma escolha ocupacional, e através do aprender fazendo” (Naudé, 2008).

Até breve!

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CEO da UWU Solutions / Consultor / Docente 

mliborio@gmail.com

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